quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Kung-fu Shao Lin Norte No Brasil

Conheça a origem do kung-fu Shao Lin Norte No Brasil



Em 1935, nasceu na província de Cantão, na China, o Grão Mestre Chan Kowk Wai, que introduziu o estilo de kung-fu Shao Lin Norte no Brasil em 1960. Participou da formação do Centro Social Chinês, onde ministrou aulas de Kung Fu por doze anos e também ministrou aulas na USP durante sete anos.

Em 1973 fundou a Academia Sino-Brasileira de Kung Fu e desde então formou vários professores que perpetuam os conhecimentos por todo o Brasil e em outros países como Espanha, Estados Unidos, Argentina e Chile.
Grão-mestre Chan Kowk Wai leciona diversos estilos de Kung Fu na matriz da Academia Sino-Brasileira e é a maior autoridade do estilo Shaolin do Norte (Bak Siu Lum) na América do Sul.
Em entrevista exclusiva para o blog “Quebrando os Mitos” o mestre Chan conta um pouco da sua história e da sua origem.  O jorrnalista Márcio de Andrade viajou exclusivamente para São Paulo para realizar essa entrevista.


1) Q.M: Mestre Chan, como foi o inicio da sua carreira aqui no Brasil?

M.C: No inicio da carreira, comecei a dar aula no Centro Social Chinês e na minha primeira turma eu peguei muito pesado. O treino era 2h sem parar e hoje em dia sou rígido com alguns alunos e outros não. Para alguns o treino é rígido e para outros não.

2) Q.M: Mestre Chan o senhor treinou no templo Shao Lin?

M.C: Não! Eu só treinei em academia, não aprendi lutar com os monges.


3) Q.M: Shao Lin significa “Pequena Floresta”, porque tem esse nome?

M.C: É o nome do templo, que se chamava há muito tempo de Bushi. Quando o monge indiano Bodhidarma chegou à China, já existiam templos budistas dentro de uma floresta pequena e com o tempo, eles construíram um mosteiro Shao Lin. Eles praticavam dentro do mosteiro e não treinavam fora. Os monges hoje em dia não ensinam, só treinam entre eles.

4) Q.M: Se o Shao Lin não tem nada haver com o budismo, porque tem esse nome?

M.C: Muitas pessoas estão equivocadas pensando que o kung-fu nasceu dentro dos mosteiros budistas (principalmente Shao Lin), isso é um grande erro. Foram os budistas daquela época, estudaram como se protegerem dos ataques dos inimigos. Os monges aprenderam lutar com os lutadores shao lin para se defenderem dos ataques dos piratas.
Primeiro os abades aprenderam o kung-fu, para poder ensinar a técnica para os monges.


5) Q.M: Nos filmes de kung-fu, os monges voam, correm pela parede, batem em mil homens, etc. Tem pessoas que acreditam realmente nisso?

M.C: As pessoas ligam realmente para cá, perguntando se nós ensinamos pessoas a voar e dar várias acrobacias no ar. A minha resposta é: “primeira coisa que vou te ensinar a você é andar”. Esse tipo de ligação acontece quando passa filmes do tipo “O tigre e o dragão”, “O clã das adagas voadoras”, etc.

6) Q.M: Algumas pessoas falam que o senhor conheceu Bruce Lee pessoalmente, isto é verdade?

M.C: Não! Eu já estava no Brasil, quando ele começou a ficar muito famoso. O meu pai conheceu sim pessoalmente. Ele foi um bom lutador, mas não era tudo isso que a mídia fala. Ele veio de uma família de artista, então ele era mais ator do que lutador. O Bruce Lee foi um grande divulgador do kung-fu para o mundo ocidental, porque nos anos 70 ninguém conhecia a luta, a partir dele começou a crescer um grande numero de praticante dessa arte marcial.


7) Q.M: O senhor é praticante do budismo e pratica vegetarianismo?

M.C: Eu somente gosto da filosofia budista e do taoísmo, mas não sou praticante. Também não sou vegetariano, de vez em quando gosto de comer churrasco.

8) Q.M: Porque o senhor saiu da China?

M.C: Nesse tempo os comunistas tomaram conta da China, muitas pessoas morreram. Eu fugi do Hong Kong e lá também tinha ficado muito perigoso. Os meus avôs também moravam nos E.U.A há muito tempo, eu queria ir para américa para ficar junto da minha família. Mas, quando cheguei ao Brasil, gostei muito daqui.

9) Q.M: Porque o senhor veio morar no Brasil e justamente em São Paulo?

M.C: Quando eu veio para o Brasil, o meu pai falou: “Primeiro vai ao Brasil e depois para os EUA”. Eu morava em Hong Kong, lá era muito difícil ir para os E.U.A e os meus amigos falavam a mesma coisa que o meu pai falava. Quando cheguei aqui era para ficar 3 meses, comecei ensinar kung-fu no Centro Cultural Chinês e depois na USP. A partir daí comecei a gostar do Brasil e não quis ir para E.U.A. São Paulo é muito bom e quis ficar aqui por causa do clima.

10) Q.M: Tem algum lutador famoso, que já foi seu discípulo?

M.C: Já praticaram comigo lutadores de outras modalidades de luta, como o jiu-jitsu o lutador Roberto Vigor. Um aluno meu foi campeão mundial de kung-fu, que foi Eduardo Fujimora. Também vários alunos meus foram campeões brasileiros e mundiais.

11) Q.M: O senhor realiza eventos na sua academia?

M.C: Anualmente nós promovemos o aniversário da academia, a Fundação Sino Brasileira de Kung- Fu, que é 24 de março. Nesse dia, também realizamos encontro de campeonato interno. Comemoramos Ano Novo Chinês, festa Junina, Final de ano, etc pois o meu aniversário é 3 de abril. Tudo aqui é motivo de festa, a vida social na academia é muito saudável.

12) Q.M: Mestre Chan, o senhor realiza trabalhos sociais para pessoas sem recursos financeiros?

M.C: Alguns anos atrás, uma casa que colhia crianças carentes nos procurou pedindo, que nós pudéssemos ensinar kung- fu de graça. Eram crianças muitos pobres que vendiam balas nos sinais, então resolvemos ajudar, dando aula de kung-fu duas vezes por semana, totalmente gratuito. Vários alunos aqui não têm dinheiro para pagar, nós estudamos a vida dele e ai nós damos uma bolsa.

13) Q.M: O senhor ganhou da Prefeitura de São Paulo, o título de Cidadão Paulistano?

M.C: Foi um presente da Associação Cultural Chinês e Brasileiro, porque eu tinha ensinado kung-fu para muitas pessoas. Foi ai que ganhei esse título, eu fui o primeiro chinês a ganhar esse titulo.

14) Q.M: O que o senhor diria para as gerações mais novas?

M.C: Cuida muito bem da saúde, não use drogas e pratica esporte. Obrigado pela entrevista.


Agradecimento especial ao mestre Thomas, filho do mestre Chan, pelas traduções.

Trabalho sobre o feminismo
http://www.marcioconsciencia.blogspot.com.br/

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